Em meio a uma greve que se arrasta desde 10 de Julho e sem fim à vista, os médicos saíram hoje à rua para reclamar melhorias nas condições de diagnóstico e tratamento de doentes. O desinvestimento na saúde é notório em quase todas as unidades sanitárias do país: infra-estruturas degradadas, medicamentos aquém das necessidades, funcionários desmotivados, falta de equipamentos sanitários e materiais médico e cirúrgico.
A deterioração dos serviços de saúde pública não afecta apenas os doentes, mas também os próprios funcionários do sector. Por isso, este sábado, 05 de Agosto, os médicos baseados na Cidade de Maputo saíram à rua para dizer basta. A Associação Médica de Moçambique (AMM), entidade que convocou a marcha, acusa o Governo de estar a destruir o Sistema Nacional de Saúde (SNS) e a marginalizar a classe médica.
Os médicos lembram que Moçambique assumiu vários compromissos regionais e internacionais relativamente à promoção e protecção da saúde, com a consequente valorização dos médicos e desenvolvimento do sector da saúde.
No entanto, “a forma dolosa e negligente como está a destruir o Serviço Nacional de Saúde e a marginalizar a classe médica dá espaço à AMM para interpelar as instituições relevantes no sector da saúde a nível da União Africana e das Nações Unidas, incluindo os respectivos sistemas de direitos humanos, bem como os parceiros internacionais de Moçambique na área da saúde, para intervirem no caso em apreço e chamar o Governo de Moçambique à consciência”[1].
A marcha pela melhoria das condições de diagnóstico e tratamento de doentes acontece numa altura em que os médicos estão a observar a segunda fase da greve iniciada a 10 de Julho. A prorrogação da greve até 21 de Agosto não alterou a postura arrogante do Governo, que não reconhece a legitimidade da paralisação e ameaça responsabilizar os médicos faltosos.